Quatro PMs são condenados a mais de 1.100 anos de prisão por participação na Chacina do Curió

Após seis dias de julgamento, o Tribunal do Júri condenou os primeiros quatro policias militares (PMs) réus pelas mortes de 11 pessoas na Chacina do Curió. A decisão dos jurados foi tomada no fim da noite desse sábado (24), após os debates entre a acusação e defesa, leitura de quesitos e votação, que durou 13 horas. Depois do veredito do júri, já na madrugada deste domingo (25), o Colegiado de juízes confeccionou a sentença estipulando as penas, que foram de mais de 1.100 anos no total, e o regime de cumprimento. Cabe recurso da decisão.

VEJA AS PENAS DOS PMS: 

  • Wellington Veras Chaves: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios; três tentativas de homicídios e quatro crimes de tortura. Regime: inicialmente fechado. Prisão decretada: não poderá recorrer da decisão em liberdade. Condenado também a perda do cargo de policial militar
  • Ideraldo Amâncio: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios; três tentativas de homicídios e quatro crimes de tortura. Regime: inicialmente fechado. Prisão decretada: não poderá recorrer da decisão em liberdade. Condenado também a perda do cargo de policial militar
  • Antônio José de Abreu Vidal Filho: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios; três tentativas de homicídios e quatro crimes de tortura. Regime: inicialmente fechado. Prisão decretada: não poderá recorrer da decisão em liberdade. Condenado também a perda do cargo de policial militar. Caso tenha desertado, fica prejudicada essa decisão. Como está nos Estados Unidos com a esposa,  os juízes determinaram que ele seja incluído na lista de difusão vermelha da Interpol.
  • Marcus Vinícius Sousa da Costa: 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios; três tentativas de homicídios e quatro crimes de tortura. Regime: inicialmente fechado. Prisão decretada: não poderá recorrer da decisão em liberdade. Condenado também a perda do cargo de policial militar

Os três foram levados para o Quartel da Polícia Militar no Centro de Fortaleza, onde aguardarão o recurso da decisão. Já Antônio Abreu está nos EUA e permanece solto.

 

PMs Marcus Vinícius, Antônio José de Abreu, Wellington e Ideraldo Amâncio
Legenda: Os PMs Marcus Vinicíus, Antônio José de Abreu, Wellington e Ideraldo Amâncio foram julgados neste domingo (25)
Foto: Divulgação

 

O veredito começou a ser dado após os jurados passarem parte da manhã, tarde e noite reunidos em uma sala secreta na qual responderam aos quesitos, que são as perguntas feitas sobre os fatos julgados. Ao todo, eram mais de 300 quesitos, já que havia perguntas sobre todos os réus, com questionamentos sobre a participação ou não de cada um. A votação terminou 23h55.

Após a votação, que durou 13 horas e as respostas a todos os quesitos, levou ao veredito de culpado que foi dado aos quatro militares pelos 11 homicídios, as três tentativas de homicídios e as quatro acusações de tortura. O Colegiado de juízes, formado pelos magistrados Marcos Aurélio Marques Nogueira, presidente do colegiado e titular da 1ª Vara Júri; Adriana da Cruz Dantas (da 17ª Vara Criminal) e Juliana Bragança Fernandes Lopes (Vara Única da Comarca de Guaraciaba do Norte) se reuniu para confeccionar a sentença e estipular as penas e o regime de cumprimento. Eles reabriram a sessão 1h10 do domingo.

Os juízes também informaram que o vizinho de um dos PMs, que prestou depoimento durante o júri, seja denunciado pelo Ministério Público do Ceará pelo crime de falso testemunho.

Com a condenação, fica acolhida a tese de que os agentes de segurança estiveram na região da Grande Messejana e participaram da matança. Para acusação, provas “os colocaram no local dos fatos”, apesar da negativa dos réus e da defesa.

DEFESA RECORRE

A defesa dos quatro policiais militares informou ainda no plenário que recorrerá da decisão. Os advogados pediram mais tempo para apelar por conta da extensão do processo.

No encerramento do julgamento, acusação e defesa elogiaram à atuação do Poder Judiciário na condução e organização do julgamento, em especial aos servidores e magistrados que integraram o colegiado de juízes que presidiu o júri.

O colegiado de juízes agradeceu à diretoria do Fórum Clóvis Beviláqua e Presidência do Tribunal de Justiça do Ceará pela estrutura e logística disponibilizada para a realização do julgamento, além dos demais setores e servidores que atuaram. Também agradeceu aos integrantes da acusação e defesas pelo trabalho realizado.

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