De acordo com a presidente do CNE (Conselho Nacional de Educação), Maria Helena Guimarães de Castro, o modelo atual do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é “ultrapassado“, tanto no conteúdo quanto na logística de aplicação. Ela também afirma que o “calendário do Enem está atrasado”. As afirmações foram feitas na última quinta-feira, 27, durante o 13º Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, que contou também com a participação do ministro da Educação, Milton Ribeiro.
“O Enem atual só existe na China e no Brasil. Nem Estados Unidos, nem Rússia, nem Índia: nenhum país extremamente populoso tem exame em um dia só, que mobiliza Exército, FAB (Força Aérea Brasileira), 6 milhões de provas impressas, (contratação de) aplicadores”, afirmou Castro, que já presidiu o Inep e foi secretária-executiva do Ministério da Educação (MEC).
“É uma operação gigantesca que não faz sentido num mundo conectado à internet”. Em sua fala, a presidente do CNE sugere a aplicação 100% digital do exame, para evitar os gastos com transporte e impressão da prova; frequência maior, de duas a três vezes ao ano e adaptação das matérias cobradas, para que fiquem compatíveis à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento responsável por estipular o mínimo a ser ensinado nas escolas.
“É preciso adaptar o novo Enem às novas matrizes da BNCC. A prova atual é um conjunto de conteúdos que não fazem sentido para um Congresso que está discutindo empreendedorismo, temas transversais e competências do século XXI, como criatividade e trabalho em equipe”, diz.
Guimarães de Castro afirma que o MEC e Inep devem criar um grupo de especialistas para pensar em um modelo moderno de exame: “O modelo atual é absolutamente superado, seja nos conteúdos avaliados ou na logística gigantesca e caríssima.”
Atraso no cronograma
“O cronograma está atrasado, o presidente do Inep informou que estão organizando, mas ainda não temos as datas. Espero que a prova seja realizada ainda neste ano para não atrasar o calendário do ano que vem também”, diz. A presidente do CNE defendeu que o Enem 2021 seja aplicado até dezembro.
Até o momento, o Inep não divulgou o edital e o cronograma da prova: “Considero que esteja tudo atrasado. Espero que, apesar disso, a gente consiga realizar a prova ainda neste ano, para evitar o atraso no calendário de 2022. Acredito que seja possível, desde que haja imediatamente a organização de um grupo executivo atento a todos os detalhes”, diz.
Com a repercussão negativa do adiamento do Enem, o ministro da Educação prometeu que a prova será realizada até novembro. Porém, a decisão ainda não foi oficializada. De acordo com reportagens da Folha de S. Paulo, as trocas constantes no órgão colaboram com o atraso da realização do Exame.
Em 10 de maio, o Inep exonerou o diretor de Gestão e Planejamento, Alfredo Murillo Gameiro de Souza, responsável pelas questões logísticas do Enem. A ação pode ter sido responsável pelo comprometimento das negociações com a gráfica.
Já na última quarta-feira, 26, o Inep exonerou o diretor de Avaliação da Educação Básica, coronel Alexandre Gomes da Silva. As funções da diretoria têm sido exercidas pelo substituto, Anderson Oliveira.
Até o momento não houve a publicação do edital do exame, que define todo o cronograma e as diretrizes da prova. Em 2019, esse documento foi publicado em março e, no passado, em abril, sem ele, não há data para abertura de inscrição. Nos dois últimos anos as inscrições já haviam sido encerradas nesse período do ano.
*Com informação do portal G1 e Folha de S. Paulo