O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) xingou a repórter baiana Driele Veiga, durante sua passagem pelo estado na manhã desta segunda-feira, 26, na inauguração da duplicação de parte da BR-101, no município de Conceição do Jacuípe. O mandatário se irritou após ser questionado pela jornalista da TV Aratu sobre um registro no qual ele aparece com uma placa “CPF cancelado” ao lado do apresentador Sikêra Jr.
“O senhor foi criticado sobre uma foto postada dizendo ‘CPF cancelado’ num momento que tantas pessoas morreram. O que senhor tem a dizer sobre isso?”, questiona Driele Veiga. “Você não tem o que perguntar não? Deixa de ser idiota”, rebate Bolsonaro.
“O presidente agredindo a repórter verbalmente”, diz a jornalista para o apresentador Casemiro Neto. “Acabou de me chamar inclusive de idiota por conta de uma pergunta a respeito de uma foto publicada por ele, que ele recebeu muitas críticas por conta do momento que a gente vive com mais de 300 mil pessoas mortas”. O momento foi transmitido ao vivo pela TV Aratu, no programa Que Venha o Povo.
A jornalista usou as redes sociais para se manifestar. “Uma mulher em pleno exercício da função ser chamada de idiota por um presidente da República, é um fato a se lamentar. Como disse o filósofo Nietzsche “O poder embrutece”.
Por meio de nota, o Sindicato dos Jornalistas da Bahia condenou o ato do presidente. “O Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia) lamenta mais uma vez ter que emitir nota para criticar o comportamento do presidente da República, Jair Bolsonaro. Mas não pode deixar de manifestar seu repúdio ao xingamento proferido por ele contra a jornalista Driele Veiga, da TV Aratu, chamada de “idiota” somente por estar exercendo seu ofício que é entrevistar aquele investido em cargo público”.
Uma série de políticos de oposição ao presidente foram às redes sociais criticar a fotografia que o mandatário tirou junto ao apresentador Sikêra Jr., na qual ambos seguram uma réplica aumentada de um CPF com uma tarja vermelha, na qual está escrito “cancelado”. Os ministros Milton Ribeiro (Educação) e Gilson Machado (Turismo) também aparecem no registro.
A expressão “CPF cancelado” é usada por policiais e grupos de extermínio em referência a alguém que foi assassinado, geralmente, por um grupo inimigo. Para os críticos, o presidente errou ao tirar a fotografia não só por seu cunho violento, mas no contexto da pandemia de covid-19.
Essa não é a primeira vez que Jair Bolsonaro agride verbalmente uma repórter. Em abril de 2014, o então deputado federal bateu-boca com a jornalista Manuela Borges, que era funcionária da RedeTV! Ele se irritou com uma pergunta sobre a ditadura militar. Manuela, na ocasião, prometeu processá-lo ao ser chamada de “idiota” e “ignorante”. Veja o vídeo: