Deputada quer suspender livros infantis sobre diversidade e religiões africanas em escolas municipais no Ceará

A deputada estadual Dra Silvana (PL) quer a suspensão de dois livros infantis distribuídos em escolas municipais do Ceará que falam sobre diversidade e religiões de matrizes africanas. Em fevereiro, a parlamentar fez requerimentos na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) e condenou as publicações, afirmando que há “mensagem subliminar” de incentivo à cultura LGBTQIAPN+ no livro “E o medo, que medo tem?” e “problemática violenta” na forma lúdica de ensinar “religiões de matrizes afro” em “Alfrabeto”. 

Ao jornal Diário do Nordeste, a deputada confirmou os pedidos, mas justificou que não tem “problema com a fé dos outros”. “Meu problema é neutralizar a escola”, indicou Dra Silvana, que nesta quarta-feira (12) protocolou contra um terceiro livro, intitulado “O Baú Ancestral: Histórias da Bisavó“.

Acerca do primeiro livro, a deputada estadual disse que “não é adequado ver um menino vestido de bailarina como se demonstrasse que assim ele estaria ‘vencendo um medo’, ‘se libertando’. Em resposta, a autora do livro disse que não foi dito que é um menino usando uniforme de balé, e que pode ser uma menina de cabelos curtos.

‘Discrepância na distribuição dos livros’

No último dia 27 de fevereiro, Ana Paula Marques, autora de “E o medo, que medo tem?”, denunciou que tanto a produção de sua autoria quanto “Alfrabeto”, o outro alvo da crítica de Dra. Silvana, teriam sido retirados de coleções distribuídas nas escolas.

Por meio de nota enviada nesta quarta-feira (12), a Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza (SME) informou que houve “discrepância” na distribuição dos livros na rede municipal da Capital cearense. “[…] Havendo escolas que não receberam nenhuma das publicações até o momento ou escolas que receberam outros itens faltantes que não os listados na demanda”, diz a Pasta.

A Secretaria indicou que a projeção é finalizar a entrega de todos os livros da coleção “nos próximos dias”.

O Fórum de Educação Infantil do Ceará (FEIC) publicou um posicionamento público alegando que as solicitações da deputada estadual são “censura de livros de literatura infantil“.

 

É inadmissível que livros de literatura Infantil que abordam, direta ou indiretamente, discussões sobre identidade e diversidade sejam censurados […]. Essa ação foi tomada após apresentação de posicionamentos preconceituosos contra os referidos livros na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e de requerimentos solicitando a retirada deles das escolas, emitidos por representante de bancada conservadora e religiosa. Vale ressaltar que tais requerimentos sequer foram votados na Assembleia, logo, não há determinação para a remoção das duas obras
Fórum de Educação Infantil do Ceará

Nota pública

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