O governo Bolsonaro tentou entrar no Brasil, de forma irregular, com joias estimadas em R$ 16,5 milhões, segundo reportagem publicada nesta sexta-feira, 3, pelo jornal Estado de S. Paulo.
Ao veículo, o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, confirmou que os bens, retidos por fiscais da Receita no aeroporto de Guarulhos (SP), haviam sido um presente do regime da Arábia Saudita à então primeira-dama Michelle Bolsonaro.
No segundo semestre de 2021, Albuquerque representou o Brasil durante agenda naquele país do Oriente Médio, de onde retornou com os produtos de uma marca suíça mundialmente famosa.
As joias – um colar, brincos e um relógio de diamantes – estavam sendo transportadas na mochila de um militar que integrava a comitiva de Albuquerque.
O então auxiliar de Jair Bolsonaro ainda tentou intervir e dissuadir os fiscais, mas sem sucesso.
A apreensão dos diamantes se deu em 26 de outubro de 2021, no curso de uma fiscalização feita após aterrissagem do voo que regressava do país saudita. Nesse momento, agentes vasculharam a bagagem de Marcos André Soeiro, então assessor, e localizaram os volumes.
Antes de deixar o governo, Bolsonaro ainda tentaria pelo menos duas vezes reaver as joias. Numa delas, despachou um ajudante de ordens, que voou até Guarulhos a mando do presidente para buscar os presentes – mais uma vez, sem êxito.
O Planalto mobilizou, finalmente, o Itamaraty e a chefia da Receita Federal, que pressionaram servidores para que liberassem a carga barrada. Pela terceira vez, Bolsonaro não logrou bom resultado.
Se quisesse ter as joias de volta legalmente, ou seja, seguindo as regras pelas quais deveria zelar, Bolsonaro precisaria ter desembolsado o equivalente ao imposto de importação, acrescido por uma multa em virtude de ter buscado entrar em solo brasileiro com mercadoria não declarada.
O valor total, de acordo com a reportagem, seria de aproximadamente R$ 12 milhões – quantia próxima da calculada para as joias, que permanecem sob a guarda da Receita até agora.