O ex-presidente Lula (PT) fala à imprensa, nesta quarta-feira (10), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo (SP), após ter anuladas as condenações na Operação Lava Jato e recuperar os direitos políticos. No discurso, o petista aborda a decisão de Edson Fachin, a situação da pandemia no Brasil, critica o governo de Jair Bolsonaro, agradece ao Supremo Tribunal Federal (STF) e diz: “fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história”.
Ao falar sobre a decisão que anulou suas condenação e da pandemia, o ex-presidente afirmou que “a dor que eu sinto não é nada diante da dor que sofrem milhões e milhões de pessoas”. Lula se solidarizou com as vítimas da pandemia do novo coronavírus e abordou o desemprego e a pobreza no País.
Ao longo do discurso, Lula avaliou que a decisão de Fachin reconhece a sua inocência diante das acusações. Ele diz que “toda a amargura” que passou durante os 580 dias em que esteve preso, “acabou”. Contudo, apesar de ter conseguido se livrar dos processos, o ex-presidente afirmou que lutará para que o então juiz Sérgio Moro seja penalizado pelo julgamento parcial.
“Vamos continuar brigando para que o Moro seja considerado suspeito, porque ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do Brasil e ser considerado herói por aqueles que queriam me culpar. Deus de barro não dura muito tempo. Eu tenho certeza que hoje ele deve estar sofrendo muito mais do que eu sofri”, considera Lula.
Decisão de Fachin
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, decidiu, na segunda-feira (8), anular todas as condenações de Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná relacionadas à Operação Lava Jato.
Com a decisão, o petista recupera os direitos políticos e volta a ser elegível, podendo, assim, se candidatar nas eleições presidenciais de 2022.
Fachin declarou a incompetência da Justiça paranaense para o processo e o julgamento das ações penais do Triplex do Guarujá, Sítio Atibaia, sede e doações ao Instituto Lula. O ministro determinou que os respectivos casos sejam repassados para a Justiça do Distrito Federal.
Críticas a Jair Bolsonaro
Lula criticou a gestão de Jair Bolsonaro diante da crise sanitária provocada pela Covid-19. “A questão da vacina não é uma questão se tem dinheiro ou não tem dinheiro, é uma questão de se eu amo a vida ou amo a morte, é uma questão de saber qual o papel de um presidente da República”.
O petista complementou que um Chefe do Executivo Nacional não é eleito “para fazer bobagem, para incentivar a compra de armas, como se nós tivéssemos precisando de armas”.
Ao falar da “desigualdade social”, a qual ele considera como o maior problema da atualidade, Lula aproveitou para criticar os terraplanistas, incluindo Bolsonaro. “É o maior mal que paira no planeta Terra, um planeta que é redondo, um planeta que não é retangular ou quadrado, o Bolsonaro não sabe disso. Portanto, é importante reiterar sempre que puder, que o planeta é redondo”.
O ex-presidente lembrou que o atual ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, poderia alertá-lo sobre a forma geométrica do planeta. “Ele tem um astronauta no governo, o ministro Pontes da Ciência e Tecnologia sobrevoou em um foguete russo quando eu era presidente. Se le não dormiu, ele viu que o planeta era redondo”.