No intervalo mais letal da pandemia no Brasil, com 1.910 mortes em 24 horas por Covid-19, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, disse, sem citar números do boletim epidemiológico, que “as variantes do coronavírus nos atingem de forma agressiva”. Embora tenha reconhecido a gravidade da crise sanitária, ele pontua que a Pasta não é uma “máquina de fabricar soluções”.
“Hoje é um dia difícil para todos os brasileiros. Atingimos um grave momento da pandemia. (…) A todos vocês, quero dizer que estamos trabalhando firmes para mudar esse quadro. Não somos uma máquina de fabricar soluções, mas seres humanos focados na resolução de problemas”.
A declaração foi postada em um vídeo via redes sociais no final da noite dessa quarta-feira (3). No curto comunicado, Pazuello informa uma “notícia muito boa”, se referindo às tratativas de negociação com os laboratórios Pfizer e Janssen para aquisição de 138 milhões de doses de vacinas a partir do mês de maio.
“Graças à aprovação pelo Congresso Nacional e a articulação do governo federal, será possível agora incorporar novas vacinas que antes possuíam impeditivos legais”, frisou.
Com o possível envio do imunizante, cuja intenção de compra já foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União, a meta do cronograma do governo federal é vacinar maiores de 18 anos “até o final deste ano”.
Enquanto o país não avança na vacinação massiva, Pazuello alerta sobre a “importância de que todos mantenham os cuidados preventivos individuais para diminuir o risco de ficar doente”, sem mencionar os protocolos sanitários eficazes contra a doença, como uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social.
Crítica a lockdown
O discurso do ministro da Saúde, porém, não está alinhado ao de Jair Bolsonaro. Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, o presidente disse que o país nunca terá isolamento social mais rígido, uma das estratégias adotadas em todo o mundo para frear o avanço da Covid-19.
“No que depender de mim nunca teremos lockdown. Nunca, uma política que não deu certo em lugar nenhum do mundo. Nos Estados Unidos vários estados anunciaram que não têm mais [lockdown]. Não quero polemizar esse assunto aí”.
A posição contrária de Bolsonaro ocorreu no mesmo dia em que o país alcançou recorde de óbitos, e o governador Camilo Santana anunciou exatamente o lockdown em Fortaleza por duas semanas, com vigência entre sexta-feira (5) e o dia 18 de março.
“Sei o quanto isso afeta a economia do Estado. (…) Mas, neste momento, a única forma que temos até vacinar a população, é fazer o isolamento social rígido”, justificou o chefe do Executivo Estadual.
Durante o decreto, que deve constar ainda nesta quinta-feira (4) no Diário Oficial do Estado (DOE), só poderão funcionar serviços essenciais, a exemplo do que ocorreu em maio de 2020, quando o Ceará atingia o primeiro pico da doença pandêmica.