A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira (19), quatro militares do Exército, ligados aos “kids pretos” — também chamados de “forças especiais” (FE). Os investigados são acusados de elaborar um golpe de Estado após as eleições de 2022, visando impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do vice dele, Geraldo Alckmin (PSB), incluindo, inclusive, um plano para matar ambos.
Os detidos preventivamente nesta manhã integram tanto a reserva quanto a ativa da corporação. São eles:
- General de brigada Mario Fernandes (na reserva);
- Tenente-coronel Helio Ferreira Lima;
- Major Rodrigo Bezerra Azevedo;
- Major Rafael Martins de Oliveira.
Além dos quatro militares, a operação ainda prendeu o policial federal Wladimir Matos Soares, que também é suspeito de envolvimento no esquema.
Ao todo, nesta manhã, a PF cumpriu os cinco mandados de prisão preventiva e mais três de busca e apreensão. A corporação também executou 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do País, com entrega de passaportes em 24 horas, e a suspensão do exercício de funções públicas.
As ordens foram cumpridas em endereços nos estados do Rio de Janeiro, de Goiás e do Amazonas, e no Distrito Federal.
O que são ‘kids pretos’
O Exército detalhou, ao portal G1, que o termo “kids pretos” é um apelido usado para se referir aos militares que integram o grupo de Operações Especiais do Exército Brasileiro. A nomenclatura informal faz referência ao fato de os integrantes da divisão usarem um gorro preto.
Em 2023, a corporação confirmou ao veículo a existência das tropas e detalhou que elas operavam desde 1957. No período, o efetivo especializado era composto por cerca de 2,5 mil integrantes.
Os “kids pretos” são submetidos a um treinamento especial, no qual aprendem técnicas de como atuar em missões com alto grau de risco e sigilo, como em operações de guerra irregular — terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência, insurgência. Eles também são treinados para situações que envolvam sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões.
Plano detalhado para abolir Estado Democrático
Conforme os investigadores da Polícia Federal, os quatro presos nesta terça-feira teriam utilizado o elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas entre novembro e dezembro de 2022.
A corporação destacou que a estratégia elaborada pelos militares investigados detalhava os recursos humanos e os bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações.
Ainda segundo a Polícia Federal, os fatos investigados nesta fase da operação configuram, em tese, crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa.