Quanto mais profundo o mergulho no oceano, maior a pressão exercida sobre um objeto. O pesquisador da UFRJ explica que se o submersível ultrapassar a profundidade máxima para a qual ele foi desenvolvido, há riscos de danos estruturais significativos.
O submersível é uma espécie de cápsula capaz de realizar uma exploração de algumas horas, de acordo com condições de capacidade e de resistência específicas de cada modelo.
“É algo parecido com o que a gente diz de algo ser à prova d’água, como um relógio. Ele tem que ter estanqueidade, ou seja, uma vez fechado o locker por onde entram as pessoas, ele tem que resistir àquela pressão extrema sem deixar a água entrar, sem ser danificado. Às vezes, a pressão chega ao ponto de amassar e danificar equipamentos”, explica o pesquisador.
Falhas associadas à pressão podem levar a danos estruturais, como a entrada de água ou despressurização da cabine. “Você tem que manter uma pressão interna adequada para o ser humano sobreviver, considerando que a pressão que está no exterior, no fundo do mar, é muito superior. Se, de alguma forma, equalizar a pressão, você vai ter danos à vida muito rapidamente”, detalha.
Resgate
Caso o submersível Titan seja localizado pelas equipes de busca, ele poderá ser trazido de volta à superfície com o apoio de equipamentos especializados.
“Se ele for localizado, pode ser resgatado. O que não é certo é se as pessoas estarão com vida ou não. Lembrando que esse tipo de equipamento é feito para que as pessoas passem algumas horas, para que cumpra-se uma missão, de inspeção, de aventura ou esporte radical, ou de operações offshore, que são relacionadas à indústria de petróleo e gás”, afirma o especialista.
Segundo Portela, o submersível pode ser retirado do mar independentemente do estado em que se encontrar. Equipamentos utilizados na indústria offshore, de petróleo e gás, são capazes de acessar locais profundos do oceano, abaixo de 4 mil metros. “Esses equipamentos ROV, remotely operated vehicle, conseguem chegar à cápsula assim como outros equipamentos de resgate”, diz.
“Pode ser resgatado, mesmo que esteja em uma posição intermediária. Vamos supor que ele não tenha potência ou propulsão suficiente para subir, mas esteja em uma posição na qual consiga se manter. Sendo detectado, é possível chegar até ele com outros equipamentos e fazer o resgate da cápsula inteira ou tentar, se a pressão permitir, abri-la e retirar as pessoas de dentro”, explica.
O pesquisador da UFRJ acrescenta que existe a possibilidade de que a embarcação esteja flutuando.
“Se ele estiver íntegro, sem água dentro, ele pode ser configurado para flutuar. Então, é possível que em uma situação de emergência o operador tenha feito essa ação. Ele teria que ser detectado com um sobrevoo do resgate aéreo marítimo”, afirma.