Com a idealização e organização na cidade de Quixadá, o evento que é considerado o maior encontro do gênero no Brasil, marca o início do calendário de eventos culturais no Sertão Central. Reconhecido como um dos mais importantes instrumentos de preservação dos conhecimentos tradicionais transmitidos de geração em geração, o Encontro destaca-se por promover saberes oriundos da interação do homem com o meio ambiente e sua capacidade de observação, desenvolvidos no convívio diário com a natureza.
Durante o evento, 20 profetas se manifestaram, apresentando previsões para a quadra invernosa de 2024. Segundo as manifestações, 17 profetas acreditam em uma boa quadra invernosa, enquanto 2 deles vislumbram uma quadra regular. Apenas 1 profeta expressou a perspectiva de um ano difícil, com probabilidade de seca.
O encontro é uma forma de perpetuar o costume de se encontrar nas casas dos fazendeiros para prever o ciclo seguinte de chuvas, explica o profeta João Soares, que é um dos organizadores. O grupo que tem se reunido nos últimos anos conta com as experiências de quase 30 profetas da chuva.
Sertanejos cearense apreenderam a ‘ler’ sinais da natureza que indicam se haverá ou não chuva — Foto: TV Globo/Reprodução
Conheça alguns sinais observados pelos profetas da chuva:
- O comportamento das formigas: o sertanejo percebe que tem chuva se aproximando quando as formigas passam a limpar o formigueiro, retirando a comida velha e levando comida fresca para dentro. O sinal é de que elas estão se preparando para o período de chuvas.
- As pedras de Santa Luzia: o experimento é feito no dia 13 de dezembro, dedicado à santa. Seis pedras ou montinhos de sal são deixados na janela para virar a noite, cada um representando um mês do primeiro semestre. No dia seguinte, as pedras que amanheceram mais úmidas indicam os meses que terão chuvas. As pedras secas equivalem aos meses sem boas chuvas.
- A fogueira de São João: nos festejos juninos, uma garrafa com água é colocada em um buraco cavado abaixo da fogueira. Dois ou três dias depois de apagada a fogueira, o sertanejo confere como ficou a garrafa. Se ela estiver vazia, o inverno será ruim. Se estiver com muita água, é sinal de muita chuva no próximo ciclo.
- A reprodução dos cupins: quando os cupins aumentam a produção de larvas em sua casa e criam asas para voar, o sertanejo entende que tem chuva se aproximando.
- A casa do joão-de-barro: se o pássaro construir o ninho com a entrada virada para o sol nascente, é sinal de que não vai ter chuva. Isso porque o joão-de-barro consegue identificar a direção dos ventos e constrói o ninho na direção contrária às chuvas.
- O dia de São José: a data de homenagem ao padroeiro do Ceará, celebrada a 19 de março, é próxima ao equinócio que marca a passagem do verão para o outono. O contexto do equinócio de outono pode atrair ventos úmidos e chuvas para o Nordeste brasileiro. Na crença popular, ter chuva até o dia de São José significa que o resto da quadra chuvosa será boa.