Grupo com 553 médicos cearenses lançou manifesto na noite desta terça-feira, 16, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a condução da pandemia do governo federal. Os profissionais, autointitulados em defesa da vida, da Ciência e do Sistema Único de Saúde (SUS), consideram que sem uma “grande mudança” a situação seguirá piorando. Mais cedo, outro grupo da categoria se posicionou a favor do presidente.
O médico-cirurgião Ramon Rawache, integrante do Coletivo Rebento, ressaltou que a decisão de elaborar o manifesto veio da necessidade de mostrar para as pessoas que existe uma corrente de médicos que defende a Ciência e pensam “exatamente o contrário” dos que defendem Bolsonaro. “A gente se assusta, porque nossa formação acadêmica é baseada na Ciência, mas por outro lado a gente não se admira, porque esse percentual está na sociedade como um todo”, enfatizou.
“Em vez de vacinação, falam de ivermectina e cloroquina. Em vez de incentivar a prevenção e de salvar vidas, fazem chantagem com a falsa dicotomia “vida ou trabalho”, promovem carreatas ilegais e “fake news”. Falta respeito à saúde pública e a cada cidadão”, afirma o documento.
Os médicos ainda pedem que o presidente seja responsabilizado por sua conduta durante a pandemia. O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou no mês passado que abriu nove procedimentos preliminares que miram a atuação do chefe do Executivo federal durante a pandemia. Ele vem sofrendo pressão para investigar mais a fundo a responsabilidade das autoridades do governo federal durante a pandemia.
“São inúmeras as declarações do presidente Bolsonaro em desrespeito aos profissionais de saúde, às vítimas da Covid-19 e aos seus familiares. De ‘não sou coveiro’ à ordem para ‘invadir e filmar hospitais’. De ‘deixem de mimimi’ até a lamentação pela aprovação da vacina”, diz o documento.
O grupo também apoia iniciativas de governadores e prefeitos para adquirir as vacinas diretamente, sem intermediação da gestão federal. Eles consideram que a aquisição de imunizantes, antes comandada pelo general Eduardo Pazuello e agora liderada pelo médico Marcelo Queiroga, enfrenta “absoluta lentidão”.