As histórias de assombração são comuns na zona rural de Ipueiras, e algumas lendas sempre chamou a atenção de moradores e visitantes. Neste Halloween, dia 31 de outubro, o Portal Regional recupera algumas dessas narrativas. Seja na escola, numa roda de bar ou no ponto de ônibus, figuras fantásticas sempre voltam à tona para perseguir os desavisados ou botar de pé os cabelos de quem conta o causo. Muitas delas são inspiradas por personagens popularizados pelo cinema, como extraterrestres, vampiros e lobisomens. Outras, porém, têm um apelo mais local.
A primeira lenda fala do Bode Preto, que, segundo relatos, aparece em um alto de estrada entre Chico Pereira e Barro Vermelho. Pessoas, tanto jovens quanto idosas, afirmam que o bode, com olhos que parecem brilhar como fogo, gosta de derrubar ciclistas e cavaleiros. Muitos afirmam sentir um arrepio ao passar pelo local, especialmente após as 18h.
A segunda lenda é sobre a Mulher de Branco, que atormentou famílias da região por muito tempo. Moradores que costumam andar a pé ou de bicicleta afirmam ter sido perseguidos por essa figura misteriosa nas imediações da localidade de Papagaio. Os cães, segundo relatos, latem intensamente ao avistar a mulher, aumentando o clima de mistério e medo.
Por último, a Loira do Banheiro é uma presença conhecida na escola municipal José Aloísio Aragão. Desde a fundação da escola, ex-funcionários e moradores relatam a aparição de uma mulher loira nos banheiros. Pessoas mais velhas comentam que, antes da construção da escola, o local já foi um cemitério, o que alimenta as histórias sobre a misteriosa mulher que aparece e desaparece sem explicação.
O envolvimento com essas lendas traz à tona emoções intensas, como medo e adrenalina, segundo a psicóloga infanto-juvenil Mariana Silva. Quando se assiste a um filme de terror, exemplifica ela, nosso cérebro vivencia essas emoções ameaçadoras sem enfrentar um perigo real. Isso nos permite processar o medo de forma controlada.
“O medo é uma emoção fundamental para nossa sobrevivência como espécie, pois nos mantém em alerta diante de situações de risco, atuando como um mecanismo protetor. Aprendemos a ter medo tanto por experiências próprias quanto pela observação dos outros, o que varia conforme a cultura em que estamos inseridos”, considera.
Quando o medo se torna um problema?
No entanto, os especialistas avaliam que o medo se torna prejudicial quando é usado como ferramenta de controle. Pais ou responsáveis que evitam explicar razões por trás de regras e normas e recorrem a um “terrorismo” emocional por meio das histórias podem comprometer a autonomia dos filhos, crianças ou adolescentes em fase de desenvolvimento emocional e cognitivo
Utilizar o medo gera obediência imediata, mas sem criar uma aprendizagem efetiva e duradoura, resulta em possíveis problemas como ansiedade excessiva, fobias persistentes, isolamento social ou dificuldades para dormir.
Assim, o papel dos pais e responsáveis é fundamental para que a criança reconheça e lide de forma saudável com as emoções. Entre as recomendações, estão validar os medos, explicar o que é fantasia, controlar o acesso a conteúdos apropriados para a idade e não usar o medo como estratégia disciplinar.
Caso o medo comece a afetar a vida cotidiana e atividades simples, alerta Mariana, é necessário buscar ajuda profissional.