Atualmente, 7,4% dos cearenses receberam a imunização com as duas doses da vacina contra a Covid-19. Por outro lado, a maior parte da população do Estado ainda espera sua chance na fila de espera. Contudo, projeções científicas indicam que o ideal para a proteção coletiva, neste momento da pandemia, seria quase nove vezes esse percentual.
A cobertura vacinal mínima para conter a expansão do vírus no Estado é de 60,6% dos cearenses, de acordo com um estudo lançado neste mês pelo Grupo Ação Covid, que reúne 25 pesquisadores de 13 universidades do Brasil, França e Inglaterra. Eles analisaram o cenário entre 19 de março e 19 de abril.
Este é o maior índice entre todos os Estados do Brasil, embora Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte também tenham apresentado necessidade de aumento da cobertura vacinal em abril.
Para o cálculo, os estudiosos relacionaram a população já vacinada em cada unidade da federação e a média atual da expansão da pandemia, por meio da taxa de reprodução – que corresponde para quantas pessoas um infectado pode transmitir a doença. Hoje, ela está em 1,44.
Com o agravamento da pandemia desde o início de 2021, os cálculos do coletivo indicam que urgência de proteção coletiva cresceu no Ceará. Conforme o levantamento, a cobertura mínima mensal seria de:
- Dezembro/2020: 22,2%
- Janeiro: 30,2%
- Fevereiro: 43,8%
- Março: 54,8%
- Abril: 60,6%
Na prática, a situação é outra. Sem estoque de vacinas, municípios como Juazeiro do Norte, Horizonte, Várzea Alegre, Cedro, Acopiara e Icó relataram não ter mais como aplicar segunda dose. Na Capital, a campanha com a Coronavac foi parada pela falta de imunizantes.
Beatriz Carniel, doutora em Medicina Tropical pela Universidade de Liverpool e integrante do Grupo, elenca três grandes fatores para o aumento do índice: a queda na adesão ao isolamento, a falta de auxílios financeiros governamentais para a população mais vulnerável e o surgimento de novas variantes do coronavírus.