Desde criança, a cearense de Quixeramobim, Kailany Pinheiro da Silva, hoje com 19 anos, nutria o sonho de se formar em medicina. O desejo de tornar-se médica tinha um propósito: “ajudar e aliviar a dor do próximo”, conforme ela mesmo descreve. Hoje, esse sonho começa a ser pavimentado. Mas, como tantas outras trajetórias, a caminhada não é cheia de desafios.
A jovem foi aprovada para cursar medicina na Argentina, país da América do Sul onde Kailany vive há 9 meses. Desde que chegou, ela tem contado com apoio de amigos e familiares para manter o sonho vivo. Com o objetivo de ajudar a custear sua estadia e seus estudos, os pais da jovem rifaram até mesmo um bezerro.
A rifa foi pensada após o pai dela ficar desempregado. “Infelizmente meu pai perdeu emprego, então isso foi uma forma para que eu pudesse continuar estudando. Espero que logo logo ele consiga trabalho, assim nossa preocupação diminuiria um pouco”, completa Kailany.
Proporcionar saúde e bem estar é um sentimento indescritível. Quero servir as pessoas.KAILANY PINHEIRO DA SILVAEstudante
CORRENTE DE APOIO
A rifa que será realizada neste sábado (19) não foi o primeiro gesto de apoio à jovem. Antes de chegar na Argentina, ela conta que a família realizou um sorteio de uma TV “para que pudéssemos pagar as despesas da viajem e o período em que eu estivesse aqui”.
Todos os 500 números foram vendidos e a jovem conseguiu arrecadar cerca de R$ 10 mil.”Desde o começo minha família sempre me apoiou, e conforme as pessoas ao meu redor tiveram conhecimento da minha história, mais e mais se dispunham a ajudar”, detalha.
A ajuda serve como combustível para que Kailany siga sua trajetória. “Não tenho palavras suficientes para demonstrar tamanha gratidão que sinto por minha família e pelas pessoas que mesmo sem me conhecer pessoalmente me ajudaram da melhor maneira possível. Muitas me ajudaram a vender números, doaram sapatos, roupas. Serei eternamente grata a todos”, acrescenta a jovem.
GRATIDÃO E RETRIBUIÇÃO
Manter-se na Argentina não tem sido fácil, revela. Os desafios vão para além das limitações financeiras dos pais, casal de agricultores.
“Cheguei em fevereiro desse ano, e confesso que ainda estou passando pelo processo de adaptação, é muito diferente da realidade que eu tinha no meu interior. Mas graças a Deus hoje eu consigo ir sozinha pra faculdade e consigo fazer compras no mercado sem ficar muito nervosa. O espanhol também foi algo difícil pra me adaptar, mas a cada dia estou tentando melhorar”, conta.
O esforço das pessoas que nutrem sentimento pela jovem é reconhecido. Segundo Kailany, reconhecer e retribuir andarão lado a lado em sua vida. “Meus pais sempre foram minha inspiração. Eles não mediam esforços para que meu irmão e eu tivéssemos sempre as melhores oportunidades, principalmente quando se tratava da nossa educação. Ainda me pergunto se existe alguma maneira de retribuir tudo o que eles fizerem, fazem e continuarão fazendo por mim”, afirma.
Embora o curso ainda esteja no começo, a jovem universitária já tem traçado em sua mente um roteiro para quando se formar: regressar às suas origens.
Quero me esforçar para ser uma excelente médica, para ajudar meus pais, toda minha região e a todas as pessoas que eu puder.KAILANY PINHEIRO DA SILVAEstudante