O Ceará tem atingido taxas de positividades de exames de Covid-19 cada vez menores nas últimas semanas, conforme apontam dados do IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Há pelo menos três meses, é possível observar a estatística caindo — de 27,72% no fim de junho para 4,72% na última semana epidemiológica, entre os dias 12 e 18 de setembro.
Neste último período, 22 dos 531 exames realizados no Estado tiveram resultado positivo. Na semana anterior, com resultado de mais de cinco mil testes já divulgados, a porcentagem de positividade ficou em 6,72%. Quando trata-se apenas de Fortaleza, os índices são ainda menores: foram 103 resultados positivos (3,75%) de 2.747 exames realizados entre os dias 5 e 11 de setembro.
É possível ainda acompanhar uma diminuição da quantidade de testes realizados, passando de quase 50 mil no ponto mais crítico da pandemia para cerca de 16 mil nas últimas semanas. A mudança pode estar relacionada à redução do número de pessoas com sintomas graves e a consequente menor procura de pacientes suspeitos da doença para realização de um diagnóstico. Inclusive, essa é uma característica apresentada pela variante Delta, transmitida de forma comunitária no Estado.
Dados divulgados em boletim epidemiológico da Sesa na última sexta-feira, 16, também reforçam que o Ceará passa por uma redução nos indicadores. Em relação à média móvel de mortes, agosto registrou uma redução de 80,9% quando comparado a julho. Números parciais de setembro também indicam uma diminuição, embora a pasta alerte que o atraso na digitação dos casos e óbitos nos sistemas oficiais pode comprometer a análise.
Cenário atual ainda exige cuidados, alerta epidemiologista
Mesmo com esses indicadores, a médica epidemiologista Ligia Kerr, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), enfatiza que o momento da pandemia ainda exige cuidado. Ela pondera que a introdução da variante Delta, cuja carga viral é ainda maior que outras variantes, em outros estados brasileiros resultou no aumento de casos e o mesmo pode acontecer no Ceará, se os cuidados não forem mantidos.
Kerr argumenta que o futuro da doença é incerto e a análise dos números da pandemia precisa ser abrangente e minuciosa. Ela citou, por exemplo, o recente aumento do número de internações pediátricas no Estado, que contrariam a queda da ocupação dos leitos de adultos. Conforme dados desta quinta-feira, a ocupação de UTIs infantis atingiu 66,3%, enquanto as UTIs para adultos permanecem abaixo de 30%.