Desde 2013, 106 crianças já foram assassinadas no Ceará

A violência no Estado voltou a atingir crianças na última sexta-feira, 21, quando um menino de 6 anos foi baleado de raspão em uma tentativa de chacina que deixou ainda outras cinco pessoas feridas no bairro Sapiranga, em Fortaleza. Neste ano, uma menina de 4 anos já havia sido morta a tiros em Limoeiro do Norte (Vale do Jaguaribe) em fevereiro. Além disso, ainda houve casos em que crianças foram baleadas em ações criminosas em Ibicuitinga (Sertão Central) e em Amontada (Litoral Oeste).

No caso de Limoeiro, a criança estava em casa, na sede do Município, quando criminosos invadiram a residência e passaram a disparar contra familiares dela. A menina foi atingida na cabeça e, mesmo tendo sido socorrida, veio a óbito. A avó dela também foi baleada na ação. O caso ocorreu por volta das 18 horas do dia 17 de fevereiro. Até hoje, nenhum suspeito do crime foi identificado.

Em Ibicuitinga, uma criança de 3 anos foi ferida durante uma ocorrência que deixou quatro mortos na Zona Rural de Ibicuitinga em 11 de fevereiro. A criança foi socorrida ao Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza, onde foi submetida a cirurgia. Três suspeitos da chacina foram presos.

Violência: 5 crianças foram assassinadas no Ceará em 2022

No ano passado, a violência resultou na morte de cinco crianças no Estado. De 2013 a 2022, a estatística da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) mostra que 105 crianças menores de 12 anos foram mortas no Estado.

No caso da tentativa de chacina registrada na última sexta, na Sapiranga, ainda não foram presos suspeitos do crime. Em nota, a SSPDS informou que um carro modelo Celta, de cor prata, foi apreendido pela Polícia Militar no bairro Messejana ainda na sexta-feira. “O veículo está sendo periciado pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce)”, divulgou a pasta, que não informou o estado de saúde das vítimas.

Para o sociólogo Thiago Holanda, coordenador do Comitê de Prevenção e Combate à Violência (CPCV), da Assembleia Legislativa do Estado (Alece), embora o número de crianças mortas seja reduzido em comparação com o número de adolescentes mortos, a situação é bastante preocupante “porque nenhuma criança deve perder a vida por conta da violência”.

Holanda diz que a organização de grupos armados, ao lado de uma maior quantidade de armas circulando, coloca mais em risco as crianças. Ele observa que as crianças estão mais expostas aos riscos nas periferias por procurarem, por falta de equipamentos públicos, as ruas para momentos de lazer.

Em nota técnica, o CPCV destacou que, durante a pandemia, houve um aumento no número de crianças mortas no Estado. Thiago considera que isso ocorreu porque, como nos assentamentos precários, as crianças têm mais dificuldades em acompanhar as aulas remotas e elas acabam, consequentemente, ficando mais expostas às ruas.

 “A escola é um lugar protetivo para as crianças”, afirma o sociólogo, que destaca as ameaças de ataques contra os estabelecimentos como necessárias de uma resposta do Poder Público.

Para ele, além de ações de inteligência e patrulhamento ostensivo, é preciso preparar os profissionais das escolas para atuarem na prevenção, principalmente o que o Comitê vem trabalhando no último ano: na implantação das comissões de prevenção à violência.

“Porque, quando a gente fala em comissão de prevenção, é você evitar que essas mortes aconteçam porque elas são evitáveis. Então, você vai preparar todo o corpo de profissionais na escola, da comunidade escolar, dos alunos, professores, familiares para atuar na prevenção. E na crise também, caso aconteça”.

 

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