A diarreia foi a doença que mais demandou atendimento hospitalar no Ceará em 2023. Ao todo, foram registrados 236.686 casos de diarreia aguda. A maior incidência foi em Fortaleza, com mais de 21 mil atendimentos.
Crianças e idosos são os mais afetados pelas doenças relacionadas à falta de coleta e tratamento de esgoto, conforme destaca pesquisa recente do Instituto Trata Brasil:
“O esgoto a céu aberto, o despejo irregular de lixo e a falta de acesso à água potável são fatores que põem em risco a saúde das pessoas, principalmente em situações de vulnerabilidade”, explica o superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), Luciano Pamplona de Góes Cavalcanti.
O superintendente destaca que a ausência do serviço de esgotamento sanitário traz problemas à saúde, com a incidência das doenças de veiculação hídrica, que incluem as infecções gastrointestinais (diarreia, vômito e dor de barriga) e enfermidades transmitidas por mosquitos, como dengue, chikungunya e zika.
“O contato com o esgoto não tratado expõe a população a parasitas, vírus e bactérias causadores de doenças. Muito se fala sobre a ‘virose da mosca’, por exemplo. Mas o que precisamos reforçar é que ela é uma transmissora de um ambiente contaminado. Ou seja, a mosca atua como um vetor: pousa em efluentes, lixos e matéria orgânica em decomposição, e em seguida entra em contato com outras superfícies, como alimentos, corpo humano ou animais”, analisa Pamplona.
Ainda conforme o especialista, a ausência de saneamento básico também favorece a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada, seja limpa ou suja.
Quase 60% dos cearenses ainda não têm acesso à rede de esgoto, conforme novos dados do Censo 2022 do IBGE divulgados nesta sexta-feira (23) que mostram a realidade do acesso a esgoto, água e coleta de lixo no Brasil.
O levantamento do IBGE também aponta que em 102 dos 184 municípios a “fossa rudimentar”, ou um buraco, era a forma mais usada pela maioria da população como meio de esgotamento sanitário.