Estudantes do Ceará criam caneta que detecta drogas em bebidas para prevenir golpe ‘boa noite, Cinderela’

Instigadas a pensar em um projeto com a temática “Mulheres e Ciências: Caminhos para a Equidade de Gênero” para a feira científica da escola, cinco estudantes de uma escola pública do Ceará desenvolveram um dispositivo para prevenir o golpe popularmente conhecido como “boa noite, Cinderela”. Trata-se da Drug Test Pen, uma caneta que permite identificar se uma bebida foi adulterada com benzodiazepínicos. Neste mês, elas vão apresentar o projeto na 23ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), em São Paulo.

Hoje no 3º ano do Ensino Médio, as alunas da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) José Maria Falcão, de Pacajus, pesquisaram quais substâncias são utilizadas no golpe, que consiste em dopar a vítima para, em seguida, roubá-la ou violentá-la. Após selecionarem os benzodiazepínicos — medicamentos hipnóticos e ansiolíticos —, elas buscaram um reagente colorimétrico não tóxico que interagisse de forma positiva com eles, apresentando mudanças fáceis de serem detectadas após o contato.

Com diversos testes, o grupo chegou a uma formulação eficaz e segura. Basta utilizar a caneta para traçar uma linha em um papel filtro ou guardanapo e pingar algumas gotas da bebida: caso apareçam pontos pretos na superfície, significa que há substâncias dopantes no líquido. O resultado aparece em cerca de 10 segundos, e a caneta pode ser reutilizada.

“Fizemos vários testes com todos os reagentes que tinha disponível na nossa escola, no laboratório de Ciência. Com isso, encontramos um que se adequasse às características que a gente tinha colocado: ser acessível para qualquer pessoa e reagir de forma positiva e visível”, explica Maria de Fátima Rodrigues Xavier Soares, uma das autoras do projeto.

 

Mão com uma luva segurando a caneta criada pelas estudantes
Legenda: O formato de caneta foi escolhido para disponibilizar o produto por ser uma forma fácil e prática de utilizar em locais públicos
Foto: Acervo Pessoal

 

O formato de caneta foi escolhido para disponibilizar o produto por ser “a forma mais fácil e prática de uma pessoa conseguir utilizar em locais públicos”, completa a estudante. A equipe também é composta pelas estudantes Ana Clara Torres do Vale, Ana Letícia Sousa de Oliveira, Bianca Emanuelle da Silva Lino e Mariana Severiano Menezes. A orientação foi da professora Elly Hanna de Lima Sobrinho.

Drug Test Pen pode ser produzida por R$ 10, enquanto outras soluções disponíveis no exterior chegam a custar R$ 300. Essa “diferença exorbitante de valor” tem duas principais razões, segundo Maria de Fátima. “O primeiro é porque o nosso reagente possui um ótimo custo-benefício e o segundo é porque o que mais agrega valor a outros projetos é o dispositivo, que possui um alto custo de produção”, afirma.

Participações em feiras científicas

Em 2024, as alunas apresentaram o projeto no Ceará Científico, itinerário científico anual da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc) que possui três etapas: Escolar, Regional e Estadual. Na primeira etapa, as equipes desenvolvem e apresentam projetos na escola de forma curricular e por afinidade dos estudantes pela temática a ser pesquisada. Aqueles trabalhos que se destacam seguem para a etapa seguinte.

No ano passado, o tema norteador do evento foi “Mulheres e Ciências: Caminhos para a Equidade de Gênero”, alinhado ao tema gerador do ano da Secretaria de Educação: “Equidade de gênero e proteção às mulheres”. Em 2025, o tema para o ano é “Educação Ambiental, Sustentabilidade e Emergência Climática”.

 

Montagem com duas imagens de testes realizados durante a criação da caneta para identificar benzodiazepínicos em bebidas, mostram as reações entre os reagentes e as substâncias
Legenda: A equipe realizou diversos testes para encontrar um reagente colorimétrico não tóxico que interagisse de forma positiva com benzodiazepínicos em bebidas
Foto: Acervo Pessoal

 

O trabalho “Drug test pen: caneta identificadora de ansiolíticos em bebidas adulteradas” chegou à etapa regional e ficou em segundo lugar na categoria Ciências da Natureza, Educação Ambiental e Engenharias, entre os projetos da Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 9.

As estudantes também participaram da mostra científica Ceará Faz Ciência 2024, cujos vencedores foram anunciados durante a Feira do Conhecimento, no último mês de novembro. A Drug test pen conquistou o 3º lugar no concurso, entre os trabalhos do Ensino Médio. “E agora somos finalistas da Febrace. Estamos muito felizes com essa oportunidade de ir para outro estado e apresentar o nosso projeto”, comemora Ana Clara Torres do Vale.

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