Trecho cita que “E é assim, que nós, músicos da nossa tão amada banda de música Joaquim Catunda Sobrinho, nos manifestamos, quanto a situação da mesma”.
Circularam nas redes sociais hoje (24/03) diversos comentários a respeito da Banda de Música Joaquim Catunda Sobrinho, a Banda de Música de Ipueiras.
Em um manifesto escrito por ex-componentes da banda, o sentimento demonstrado era de tristeza com o abandono que a organização sofria e a desvalorização dos músicos, arquivistas e maestro ipueirenses.
AOS FATOS
Em março de 2021 a BMJCS ainda não retomou suas atividades. A Secretaria de Esporte, Cultura e Juventude, no início deste ano, recolheu os instrumentos dos músicos e até o presente mês não havia se posicionado em nada a respeito da banda.
As bolsas ofertadas aos músicos, arquivistas e maestro não foram pagas, deixando desamparados aqueles que contavam com este dinheiro para seu sustento.
Há notícias da articulação para a contratação de um novo maestro, vindo da cidade de Croatá.
Tendo em vista a inércia do governo municipal, da falta de resposta e satisfação para com a banda, músicos de maneira independente, divulgaram um manifesto, expressando seus sentimentos ao sentirem-se desvalorizados.
TEVE QUE ESCLARECER
Em Nota de Esclarecimento divulgada em sua rede social na noite de hoje a secretária, Julielenn Mourão, afirma que “em nenhum momento a Secretaria ou a prefeitura ‘cogitou’ a extinção da Banda de Música Joaquim Catunda Sobrinho” e que a intenção seria de transformá-la em uma orquestra, possibilitando a formação de duas bandas. Pontuou ainda a abertura de um Edital onde os jovens que queiram participar da banda possam participar.
Sobre os instrumentos, a secretária afirma que foram recolhidos para uma avaliação de suas condições e que a licitação para a aquisição de novos instrumentos já foi realizada, se dispondo ainda a esclarecer qualquer dúvida da sociedade.
INTERROGAÇÕES
O que não ficou explicado aos quase 40 músicos bolsistas da BMJCS é o porquê das bolsas (no valor de R$ 300,00) foram cortadas e nenhuma satisfação lhes foi dada, tendo em vista que há orçamento destinado a isto, regulamentado por lei. Sem nenhum novo processo seletivo, sem atividades mesmo que de modo remoto a banda encontra-se parada.
Outro fato foi a total falta de comunicação entre músicos e prefeitura, onde foi necessário uma manifestação virtual para que a secretária se manifestasse.
A secretária escreveu em sua nota que solicitou os instrumentos aos antigos integrantes, ou seja, os músicos não sabiam que não faziam mais parte da BMJCS.
VERBA GARANTIDA
Anunciado em abril de 2020, o ex-prefeito Nenem do Cazuza (PDT), assinou por meio do programa PROARES em parceria com o Governo do Estado do Ceará, o Convênio de nº 018/2020 no valor de R$ 331.672,00 para atender ao programa de formação musical em Ipueiras, com isto renovar os instrumentos da BMJCS, com a formação de uma nova banda também na região serrana do município.
O dinheiro ficou para a atual gestão dar os devidos fins.
A BANDA
Instituída pela Lei Municipal nº 915/2017 a Banda de Música Joaquim Catunda Sobrinho faz parte do Patrimônio Cultural Ipueirense e carrega com sigo uma memorável história. Presente nos principais eventos de Ipueiras.
A Banda de Música Municipal é o resgate de um sonho inacabado de Zé Viana, Manoel Sertanejo, Expedito e Joaquim Catunda e muitos outros precursores das primeiras bandas das décadas de 20 e 30. É a 5ª formação da Banda do município e teve a sua denominação em homenagem a um dos músicos integrantes da 4ª Banda de Música que existiu, no ano de 1970, doada pelo então Deputado Estadual Aquiles Peres Mota.
Leia a manifestação dos músicos que circularam nas redes sociais:
Desabafo de um músico ipueirense:
Chega um momento em que uma instituição não é apenas um espaço físico; que não se reconhece simplesmente pelos instrumentos de seu ofício. Chega um momento em que a placa que a denomina passa a ser mera coadjuvante. Nesse exato momento, pessoas passam a não ser apenas funcionários, deixam de ser imperceptíveis e passam a fazer parte da instituição, entrelaçando-se de tal maneira a mesma, que confundem-se fatos às emoções, que pequenas decisões criam um alto grau de complexidade, exigindo o máximo de cautela.
E é assim, que nos, músicos da nossa tão amada banda de música Joaquim Catunda Sobrinho, nos manifestamos, quanto a situação da mesma.
Consideramos, no mínimo injusto não sermos comunicados oficialmente de seu fim, já que se foi feito de maneira interpretativa, para dar-se a entender o ocorrido.
Não compreendemos, como talentos da nossa terra, são desmerecidos quanto a sua contribuição ao município. Onde um jovem, que nasceu, se desenvolveu, buscou conhecimento; e se tornou um grande maestro; e que exercia sua função em tempo integral, que se fazia disponível em todos os momentos em que se era necessário, não teve o reconhecimento como o profissional que foi, de ser comunicado desse mesmo fim.
Da mesma forma, músicos que fazem parte da mesma desde seu início ou que são novos, mais já amam nossa banda. E que apesar de todas as dificuldades, esses mesmos músicos, sempre lutaram para mantê-la em atividade.
Por fim, pedimos encarecidamente, que olhem os pais de família, os filhos que ajudam a manter seus lares. Esses mesmos músicos que tem a arte como fonte de renda, seja como complemento de renda ou como renda principal.
Que seja mantida a bolsa que vinha sendo paga, para que nesse período tão difícil que passamos, possamos ter o amparo do município, cujo qual representamos com orgulho por meio da nossa música. Até que se passem essas dificuldades e que se resolva o futuro da banda de música instituição e pessoas.
Desde já, grato.
