
Quem anda pelas ruas nas primeiras horas da manhã ou no fim da tarde já percebeu: tem gente correndo pra todo lado. Não é só impressão. A chamada running era ou, se preferir, a era da corrida chegou com fôlego de maratonista e parece longe de perder ritmo. No Brasil, já são mais de 13 milhões de praticantes, segundo a Associação Brasileira de Corridas de Rua (ABCR), e boa parte desse crescimento vem da juventude, conectada, inquieta e em busca de algo além do corpo perfeito.
No interior norte do Ceará, especialmente nas cidades da Serra da Ibiapaba, essa tendência ganhou contornos próprios. Guaraciaba do Norte, Tianguá, Ibiapina e tantas outras que também aderiram saíram na frente com a promoção de corridas de rua, eventos esportivos e encontros que misturam saúde, turismo e convivência social. A corrida, por aqui, deixou de ser só exercício e virou movimento.
Apesar de muita gente ainda tratar a corrida como “modinha” ou dizer que é só correr pra sair bem na foto das redes sociais a utilidade desse movimento vai muito além da estética ou da curtida fácil. Correr hoje é sinônimo de saúde, equilíbrio e autocuidado. É um hábito que cura o corpo, fortalece a mente e ajuda a organizar a vida em meio ao caos cotidiano. E talvez esse seja um dos aspectos mais bonitos de se observar nessa geração: jovens que escolheram cuidar de si, buscar bem-estar e transformar um simples ato em algo poderoso. Ver essa juventude trocando excessos por passos firmes, ansiedade por respiração e pressa por constância é, sem dúvida, uma das coisas mais gostosas de se ver nos dias atuais.
Mas afinal, por que correr virou “moda”? Ou melhor: por que virou hábito?
A resposta está na combinação entre simplicidade e propósito. Correr se encaixa facilmente na rotina, não exige grandes estruturas e oferece resultados concretos, perceptíveis no dia a dia. Embora tenha ganhado força entre os jovens, a corrida não se limita a eles: é uma prática que reúne pessoas de todas as idades, cada uma no seu ritmo, com seus próprios objetivos. Para muitos, representa disciplina, constância e superação pessoal. Quando uma atividade passa a organizar o tempo, melhorar o rendimento físico e criar metas reais, ela deixa de ser apenas tendência e se transforma em hábito acessível, democrático e duradouro.

Mas talvez o maior trunfo da corrida esteja além do físico. Correr virou terapia acessível. É ali, no passo cadenciado e na respiração ritmada, que muita gente organiza pensamentos, alivia ansiedade e encontra um espaço só seu. Os resultados aparecem no espelho, sim, mas também e principalmente na mente. Em um mundo hiperconectado e exausto, correr virou autocuidado.
Sem falar no senso de pertencimento. Grupos de corrida, provas de rua, camisetas, medalhas, fotos no Instagram. Existe uma comunidade em torno da corrida, e ela acolhe. Jovens encontram amigos, histórias, desafios e metas compartilhadas. Cada prova concluída é uma pequena vitória pessoal, celebrada coletivamente.
Na Serra da Ibiapaba, esse fenômeno ganha ainda mais força. As corridas movimentam cidades, atraem visitantes, estimulam o comércio local e reforçam a identidade esportiva da região. É saúde que gera impacto social e econômico. É tendência que vira legado.
No fim das contas, a corrida caiu no gosto dos jovens porque entrega o que muitos procuram hoje: simplicidade, autonomia, bem-estar e sentido. Não é só sobre chegar primeiro, mas sobre seguir em frente. Passo a passo. Respiração a respiração.