Primeiras 5 cidades a decretarem lockdown no Ceará reduzem curva de contágio da Covid-19

Há 10 dias, todas as 184 cidades cearenses estão em isolamento social rígio, o chamado lockdown. A medida foi decretada pelo governo do Estado em 11 de março, entrou em vidor no dia 13 e tem vigência até o próximo dia 28. No entanto, alguns municípios já haviam determinado, por conta própria, essas mesmas restrições igualmente para conter o avanço do novo coronavírus. Santa Quitéria, Meruoca, Palhano, Pentecoste e Mombaça foram os primeiros do Ceará, nesta segunda onda, a restringem a circulação de pessoas.

Cerca de um mês após o início do lockdown, essas cidades já colhem resultados positivos. Em todas elas houve substancial redução na média móvel de novas infecções. Santa Quitéria decretou lockdown ainda no fim de fevereiro. À época, todos os 12 leitos de enfermaria do hospital de campanha estavam ocupados.

Passadas quase quatro semanas os números já trazem alento. Hoje (23) a média móvel de casos confirmados está em 4,71. No dia 27 de fevereiro era de 37,1. Os dados são do IntegraSus, plataforma oficial da Secretaria da Saúde (Sesa) do Ceará. A redução é drástica. No último dia de fevereiro, três dias após o início do lockdown, foram 39 casos confirmados em 24 horas. Já nos últimos três dias (21, 22 e 23) o Município não registrou apenas uma nova infecção pela Covid-19, conforme dados da Sesa.

O secretário da Saúde do Município, Adeilton Mendonça, reconhece os bons índices, mas ressalta que o cenário ainda não é de “conforto”. Dos 12 leitos, 11 ainda estão ocupados. “Os casos estão caindo. Está tendo uma diminuição, mas é preciso se manter alerta. Os hospitais referências, em Sobral e Fortaleza, ainda estão lotados, então temos que manter a cautela e seguir com as medidas“.

 

Legenda: Santa Quitéria tem 3.529 casos, dentre os quais 32 evoluíram para óbitos
Foto: Divulgação

 

Meruoca é outro município que vê os casos declinarem. No último dia 27, quando a cidade aderiu às restrições de circulação e de funcionamento do comércio, a secretária da saúde do Município, Jesilene Duarte, classificou o panorama como “assustador”. No dia 3 de março deste ano, a média atingiu a marca de 11,57, maior índice desde o início da pandemia. Agora, dia 23, dados do IntegraSus mostram que a média móvel (0,14) atingiu o patamar verificado em meados de agosto passado.

 

“Decretamos lockdown antes de todos os municípios da região, pois, como analisávamos os dados diariamente, vimos que o padrão era perigoso e nos antecipamos. A prova disto é que no pior momento da crise das vagas de leito, Meruoca está com queda nos números”, destacou a secretária.

 

Ela reconhece que a população se mostrou “resistente às medidas de isolamento social mais rígido”, que se agravou com a proibição de vender bebidas alcoólicas, “mas com o crescimento dos casos, as pessoas passaram a entender e cumprir as medidas”.

 

Legenda: Em Meruoca, são 1.140 casos confirmados e 22 mortes por decorrência da Covid-19
Foto: Maristela Glaucia

 

A cidade de Palhano viu os casos explodirem neste ano de 2021. Em dois meses, o número de infectados já era maior que a soma de todo o ano passado. Foram 242 casos no primeiro bimestre de 2021 e 222 em todo o ano passado. O rápido aumento fez com que a cidade entrasse em lockdown também no fim de fevereiro.

Desde então, a curva da média móvel apontou para baixo. No início de fevereiro (dia 3), a média era de 9,85 – maior desde o início da pandemia – depois, em 4 de março, atingiu 4,85 e, agora, a média móvel, ainda segundo dados da Sesa, está zerada. Há quatro dias a cidade não registra novas infecções pela Covid-19.

A assessoria de comunicação da Secretaria da Saúde de Palhano destacou que, quando o lockdown foi decretado, “o Município tinha os piores índices da região” e, por isso, foi preciso endurecer as medidas. A projeção, ainda segundo a Pasta, “é de que os números sigam caindo nos próximos dias”.

A Secretaria destacou ainda que, durante a crise, quadruplicou o estoque de cilindros de oxigênio, chegando a 14 unidades, e prepara a abertura de dois leitos de enfermaria. As medidas, ainda conforme a assessoria, “visam melhorar ainda mais o quadro no Município e garantir melhor assistência aos moradores”.

 

Legenda: De acordo com a Sesa, Palhano tem 633 casos e 11 óbitos
Foto: Divulgação

 

Pentecoste segue igual tendência. É mais uma das cidades que aderiram ao lockdown e agora tem bons indicadores. Em 4 de março, um dia antes de o Município impor medidas mais rígidas, a média móvel na cidade era de 29. O índice era quase três vezes maior que o pico registrado em junho do ano passado (11,5). Atualmente, a média móvel para novos casos da Covid-19 é de 0,28.

Mombaça, na região Centro-Sul entrou em lockdown no fim de fevereiro após três pessoas terem morrido por decorrência do novo coronavírus em apenas um dia. Para agravar ainda mais aquele cenário, mais de 50% dos testes que eram realizados no Município davam positivo.

A exemplo das cidades acima citadas, Mombaça também atingiu, neste período, sua maior média móvel da pandemia: 25, no dia 23 de fevereiro. Um mês após as restrições, esse indicador quase zerou. Atualmente a média é de 0,14. Nos últimos seis dias, apenas uma nova infecção foi registrada em Mombaça, conforme o IntegraSus.

 

Legenda: Já são 68 mortes por decorrência da Covid, em Mombaça. A cidade conta ainda com 2.454 casos
Foto: Divulgação

 

Lockdown reduz a transmissão do vírus

O médico infectologista, Lino Alexandre, explica que quando há diminuição de pessoas circulando, naturalmente ocorre a redução na transmissão do vírus. “Quanto menor for a circulação, menores serão as chances de o vírus se multiplicar”, pontua. Apesar de impopular e de trazer sérias consequências ao setor econômico, o lockdown, quando ‘abraçado’ pela população traz resultados, acrescenta o especialista.

Para que se avalie os indicadores, Lino ressalta que é preciso um período de 15 dias. Este é ínterim em que o infectado pode transmitir a doença para outras pessoas. “Após duas semanas já é possível avaliar os números e decidir os próximos passos”. Contudo, apesar de reconhecer a eficácia da medida restritiva, o especialista alerta que a população tem de colaborar.

 

“Antes de tudo é preciso conscientização. As pessoas precisam entender que essa patologia ainda não tem tratamento. Portanto, é preciso distanciamento e uso de máscara e álcool em gel. Somente quando tivermos vacinação em massa poderemos ter mais segurança. Até lá, a única alternativa é se prevenir e colaborar”.
Via: Diário do Nordeste

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