Ataques de abelhas causaram a morte de pelo menos dez pessoas no Ceará em 2022, segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde. O levantamento aponta que entre janeiro e dezembro do ano passado, o Estado registrou mais de 1,5 mil acidentes apílicos e encerrou o ano com a maior taxa de letalidade na região Nordeste.
Na proporção de casos para mortes, a média do Ceará ficou em 0,64, quase o dobro dos indicadores regional (0,34) e nacional (0,36). Os dados foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). No geral, o Estado registrou quatro casos por dia e quase 130 ao mês.
Uma das ocorrências mais recentes, não computada pelo balanço, foi registrada no dia 19 de junho, em Santa Quitéria. O ataque resultou na morte de um agricultor de 47 anos, atingido por um enxame enquanto tentava pegar uma cabra do seu rebanho que tinha escapado para um tereno baldio. As abelhas estavam escondidas debaixo de uma pedra e o homem teria pisado na colmeia sem perceber.
O levantamento do Ministério da Saúde mostrou que os ataques no Nordeste são mais frequentes em setembro devido às condições climáticas da região. No Ceará, segundo o capitão do Corpo de Bombeiros Erasmo Costa, é comum que haja crescimento nas estatísticas a partir de julho. “Neste mês elas [as abelhas] já começam a migrar de região, buscando novas fontes de alimentos”, frisou.
O bombeiro explica que as abelhas atacam quando se sentem ameaçadas por vibrações, barulhos, cheiros fortes e movimentos bruscos. Alguns cuidados são essenciais para evitar incidentes graves. “Nunca se deve tentar retirar o enxame. Se for no quintal, isole a área e evite barulhos. Importante sempre manter a calma”, orienta o capitão. As ocorrências devem ser informadas ao Corpo de Bombeiros pelo número 193.
Os militares realizam a captura das abelhas usando uma bomba de sucção. Em Canindé, o quartel da corporação desenvolve um projeto pioneiro para a preservação das abelhas que são resgatadas durante as ocorrências. Elas são levadas para um apiário –conjunto de colmeias– e recebem cuidados dos próprios militares.
Para o manejo correto do criatório, os bombeiros são orientados pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce). “Nosso objetivo é combater o extermínio e preservar as espécies de um jeito inovador”, ressalta o bombeiro. O projeto, que funciona há cinco anos, mantém a criação de 18 colmeias. Elas produziram, apenas neste ano, cerca de 200 litros de mel. O alimento foi doado para hospitais e entidades filantrópicas da região.