
É impossível falar do cenário atual do forró no Brasil sem citar a Camarote Shows. A produtora, que já vinha construindo um império no arrocha, no piseiro e no forró de vaquejada, agora mergulha de vez no forró romântico e, honestamente, não dá pra negar: eles sabem o que estão fazendo.
Wesley Safadão, que muita gente insiste em ver apenas como cantor, há tempos demonstra que também é um gestor ousado, calculista e com um olhar empresarial que poucos artistas possuem. Ele enxerga movimentos antes de virarem tendência. E a Camarote Shows vem nessa mesma toada, como um grande radar do Nordeste para o Brasil.
Primeiro, dominaram segmentos que pareciam saturados. Depois, apostaram em nomes que muitos não teriam coragem de bancar. Trouxeram Raphaela Santos, que hoje é uma das vozes mais fortes do brega recifense; fortaleceram artistas como Walkyria e Taty, nomes consolidados no universo feminino do forró; seguiram com Yara e Alessandro para representar o romantismo clássico; e agora miram numa dupla que carrega história e identidade: Silvânia e Berg Rabelo.
Essa estratégia não é acaso é visão. O mercado vive de ciclos, e o forró romântico, que já embalou gerações, voltou a ser procurado, compartilhado, viralizado. A nostalgia do “forrozinho sofrido” voltou a bater forte no público. E quem percebeu esse movimento com antecedência? A Camarote.
A ousadia da Camarote não é recente apenas em artistas. A empresa também vem acumulando feitos que qualquer produtora sonharia ter no currículo. Basta olhar para o impacto dos seus festivais. O Garota Vip, por exemplo, virou praticamente uma marca nacional: multidões, ingressos esgotados e um formato que transformou o evento num dos mais reconhecidos do país. Depois veio o Festival Desejando, que em pouco tempo se tornou mais um fenômeno de público. O Baú da Taty Girl cresceu num ritmo impressionante ao apostar em nostalgia, roteiro musical e identificação direta com o público que cresceu ouvindo a cantora.
O ponto-chave é que, enquanto outras produtoras tentam “seguir a onda”, a Camarote tenta criar a onda. Isso faz a diferença. Safadão e sua equipe entendem que o público quer identidade, voz marcante, refrão que mexe, artista que entrega verdade. Silvânia e Berg carregam isso desde o Calcinha Preta, e agora têm uma estrutura que pode amplificar seus talentos.
Se essa nova aposta vai dar certo? Só o tempo dirá. Mas uma coisa é clara: a Camarote Shows não faz movimentos aleatórios. Cada passo parece calculado pra manter o domínio em várias frentes da música nordestina e, até agora, eles têm acertado mais do que errado.
O forró romântico renasce, o público abraça, e a Camarote Shows assume o volante. E se existe alguém que enxerga longe nesse mercado, esse alguém continua sendo Wesley Safadão.



