Nove dias. Esse foi o intervalo de tempo entre a internação do aposentado Pedro Pessoa, de 79 anos, e seu óbito por complicações da Covid-19. Para a família, no entanto, a vida dele poderia ter sido salva caso o idoso tivesse conseguido vaga em um leito de UTI. Pedro morreu na última quarta-feira, dia 10, na UPA de Camocim.
Com quase 90% do pulmão comprometido, o aposentado precisava ser transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva, dado que o Município não dispõe desse suporte. A espera foi fatal. Pedro foi vencido. Enquanto ele engrossa a triste estática que já soma mais de 12 mil óbitos somente no Ceará, sua família chora sua partida e torce para que “a dor não seja ainda maior”.
Isso porque seu irmão, o também aposentado Luciano Pessoa Navarro, 73 anos, foi internado no mesmo dia,também na UPA de Camocim. Com cerca de 75% do pulmão comprometido, Luciano também necessita de transferência, mas não encontra vaga.
A Defensoria Pública do Estado ingressou com uma ação contra o Estado do Ceará e Secretaria de Saúde do Ceará pedindo a imediata transferência do paciente. O prazo concedido pela justiça foi de 24 horas, vencido no início da tarde de ontem (11).
O episódio da família Pessoa não é um caso isolado no Ceará. De acordo com o o Conselho das Secretárias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), atualmente uma média de 200 pacientes infectados pela Covid-19 “disputam uma vaga de UTI” no Ceará. O Diário do Nordeste questionou à Sesa quantos pacientes aguardam vagas de UTI, mas a Secretaria não respondeu.
Apesar da representativa expansão de leitos no interior do Estado desde o início da pandemia, no ano passado, o número de vagas ainda não corresponde à alta demanda – sobretudo nesta segunda onda, com alta de casos simultâneos em todas as regiões e quadros mais graves, que carecem de UTI. O cenário foi apontado, pelo Governador Camilo Santana e o secretário estadual da Saúde, Dr. Cabeto, como motivo para que todos os municípios do Estado entrassem em lockdown a partir de 0h deste sábado (13).